Especialistas discutem o papel da educação profissional e tecnológica em prol do aumento da competitividade
29/11/2024 - atualizado às 10:28 em 29/11/2024
Cássia Cruz, gerente de Educação do SENAI-SP, foi uma das convidadas para o Fórum Reconstrução da Educação, promovido pelo Estadão
O SENAI-SP participou do Fórum Reconstrução da Educação, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo, no dia 18 de novembro, no Museu do Ipiranga, em São Paulo. O evento, que contou com a participação do Ministro da Educação, Camilo Santana, reuniu especialistas, educadores e representantes de diversos setores. O foco principal foi discutir os desafios e as possíveis soluções para garantir uma educação de qualidade e equidade no Brasil.
Um dos principais temas discutidos foi o papel fundamental da educação profissional e tecnológica, especialmente o ensino técnico, para a melhoria da qualificação da mão de obra e o aumento da produtividade. Cássia Cruz, gerente de Educação do SENAI-SP, destacou a importância da atuação do SENAI-SP ao atender às demandas específicas das indústrias paulistas para a qualificação de pessoas. “Atualmente, há quase 360 mil técnicos trabalhando na indústria paulista, muitas empresas parceiras estão interessadas em reter talentos e investir nesses profissionais, que já estão empregados, se destacam nas empresas e merecem reconhecimento”, explicou.
Cássia completou que é possível investir na capacitação dos alunos de cursos técnicos, oferecendo a oportunidade de continuarem nas próprias indústrias onde trabalham, aumentando a qualificação ao aproveitar os estudos por meio do programa Verticaliza, do Governo Federal. “Em pouco tempo, esse profissional pode conquistar uma graduação e promover uma série de benefícios para a empresa, como a preservação da cultura e das competências comportamentais desenvolvidas ao longo dos anos de trabalho. A indústria ganha com o desenvolvimento desse profissional, e ele ganha ao ser valorizado”, comentou.
Foto: Taba Benedicto - Estadão
Os demais especialistas presentes no debate também acreditam que, com a colaboração entre governos, sociedade civil e setor produtivo, é possível expandir e aprimorar ainda mais essa oferta de qualificação. O ensino profissional se destaca por proporcionar uma formação rápida e prática, alinhada às necessidades do mercado de trabalho, tornando-se essencial para que os profissionais se adaptem às constantes transformações tecnológicas e aos desafios da economia digital. Existe uma variedade de cursos de qualificação e requalificação, com cargas horárias diversas, presencial e a distância, integrada ao ensino médio ou subsequente.
“Temos um desafio de olhar para essa jornada não só a partir do próprio ensino médio técnico, mas também a partir de formações complementares que possam requalificar essa mão de obra, que possivelmente será impactada por novas tecnologias”, pontuou Tatiana Ribeiro, diretora executiva do Movimento Brasil Competitivo.
O impacto da IA nas profissões foi um ponto central do debate, com especialistas apontando que a tecnologia não só substituirá algumas funções, mas também transformará as habilidades exigidas dos trabalhadores. Nesse cenário, o ensino profissional é visto como essencial para a requalificação e a melhoria da empregabilidade. "A educação profissional precisa acompanhar as mudanças no mercado de trabalho. Não podemos ensinar com técnicas obsoletas, pois a transformação será rápida e muitos processos já estão sendo automatizados", explicou Alan Valadares, especialista em Pesquisa e Dados na Fundação Itaú.
Cássia corroborou que as novas tecnologias, como a Inteligência Artificial (IA), exigem uma atualização constante dos currículos e da infraestrutura educacional. "A IA não pode ser vista apenas na aplicação final, como nos aplicativos ou ferramentas. Antes disso, há uma cadeia de IA que contempla os desenvolvedores, as plataformas, os data centers, que precisam de profissionais qualificados", afirmou. Ao final, ressaltou a importância das instituições de ensino profissional atuarem em parceria com as empresas já na estratégia para antecipar as necessidades do mercado e formar profissionais preparados para os desafios do futuro.
Além disso, é preciso olhar para qualidade de ensino. Segundo Cássia, dentre as estratégias de atuação em rede do SENAI-SP para atender a demanda do mercado de trabalho, há o Mapa do Emprego Industrial, uma ferramenta dinâmica com as movimentações do mercado de trabalho que auxilia os gestores das unidades da instituição a tomarem decisões quanto ao planejamento, à oferta assertiva e georreferenciada.
O evento foi transmitido ao vivo pelo YouTube. Clique aqui e veja o debate na íntegra, na segunda parte do vídeo (inicia em 2h).