Projetos de inovação do SENAI-SP com a indústria receberão R$ 91 milhões em recursos do Programa Mover
04/12/2025 - atualizado às 08:24 em 05/12/2025

Voltadas para a descarbonização do setor automotivo brasileiro, as propostas serão executadas ao longo de três anos
Dois projetos de inovação conduzidos pelo SENAI-SP, em parceria com empresas da cadeia automotiva, foram selecionados na chamada de Projetos Estruturantes do Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover). A iniciativa, coordenada nacionalmente pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e pela Empresa Brasileira de Inovação Industrial (Embrapii), destina R$ 210 milhões em recursos para fomentar soluções industriais.
Com foco na descarbonização da cadeia automotiva brasileira, os projetos têm a missão de mudar o potencial tecnológico da indústria do país, com impactos reais na estrutura do mercado. Um dos projetos, voltado para o desenvolvimento de novas tecnologias com grafeno para descarbonização da indústria, receberá aporte de mais de R$ 42,2 milhões. O outro, com foco em desenvolver motores de veículos mais eficientes e adequados ao uso do etanol, terá investimento de mais de R$ 48,8 milhões. Os dois projetos serão executados ao longo de até três anos.
“A aprovação dos projetos estruturantes do Programa MOVER representa um marco relevante para o fortalecimento da inovação industrial no país. O motor a etanol de alta eficiência e o HUB do Grafeno evidenciam a capacidade do SENAI-SP de desenvolver soluções tecnológicas que contribuem de forma efetiva para a descarbonização da cadeia automotiva e para o aumento da competitividade das empresas brasileiras.Essas iniciativas estão plenamente alinhadas à estratégia do Distrito Tecnológico do SENAI-SP, que tem como missão fomentar a transformação da indústria por meio da pesquisa aplicada, do desenvolvimento tecnológico e da difusão de conhecimentos de ponta. A condução desses projetos reafirma o compromisso institucional do SENAI-SP com a criação de uma nova indústria, mais sustentável, inovadora e preparada para os desafios globais da mobilidade e da transição energética”, afirma Ricardo Terra, diretor regional do SENAI-SP.
Lançada em maio deste ano, a chamada selecionou propostas de alianças industriais – que podem ser formadas por empresas da cadeia automotiva, Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICT’s), além de startups – com o objetivo de apoiar projetos com potencial de transformar o setor automotivo com ganhos em toda a cadeia produtiva.
Conheça os projetos:
Hub do Grafeno: novas tecnologias com grafeno para descarbonização da indústria
O Projeto Hub do Grafeno tem como estratégia o desenvolvimento de peças automotivas mais leves e sustentáveis, e combina duas frentes tecnológicas complementares: o aumento do desempenho mecânico de peças automotivas por meio da incorporação de grafeno e o uso de materiais reciclados aprimorados com esse material.
O grafeno é um material com propriedades na escala nanométrica e que pode ser utilizado, por exemplo, na produção de peças plásticas mais leves. Com características mais condutoras, resistentes, leves e flexíveis em comparação com muitos materiais, o grafeno também pode ser utilizado em semicondutores, dispositivos eletrônicos, em baterias, entre outros.
“Essa abordagem permite elevar a resistência, durabilidade e estabilidade dimensional das peças, possibilitando redução de espessura, substituição de materiais mais pesados e maior aplicação de polímeros reciclados sem perda de performance”, explica Eder Henrique Coelho Ferreira, pesquisador do SENAI-SP.
Segundo Eder, com o propósito de reduzir a pegada de carbono a partir da fabricação de veículos mais leves, mais eficientes e com menor consumo energético a partir do grafeno, o projeto se alinha à missão de descarbonização do setor automotivo, que, segundo ele, também representa uma oportunidade estratégica para liderar o futuro da mobilidade. “Globalmente, a cadeia automotiva tem direcionado esforços para reduzir o peso dos veículos e ampliar o uso de materiais reciclados, impulsionada por metas regulatórias, compromissos de descarbonização dos fabricantes e pela crescente demanda do mercado por produtos com menor pegada ambiental”, explica Eder.
Submetido à chamada do Programa Mover, o projeto também vai ao encontro do decreto nº 12.435/2025, que exige pelo menos 80% de materiais reutilizáveis ou recicláveis em veículos novos a partir de janeiro de 2027. “Isso reforça a urgência da transição para componentes mais sustentáveis. Nesse cenário, o grafeno emerge como um elemento tecnológico decisivo: ao atuar como nanoaditivo modificador de polímeros, ele melhora as propriedades mecânicas e térmicas, por exemplo, o que permite reduzir a espessura de peças, aumentar o teor de reciclado sem perda funcional e substituir materiais mais pesados”, detalha.
Composição da Aliança Industrial: Toyota, Volkswagen, General Motors, Ford, Caio, Hyundai, Mahle, Plascar, Dinaco, Planet Color, Wise Plásticos, Sulbras Moldes e Plásticos, Nanum, Montana; além das startups IPOL Nanotecnologia, Urb Mining, Hexo Graphene e Degrad.
Motor a etanol de alta eficiência
O objetivo do projeto “Motor a etanol de alta eficiência” é tornar motores de veículos mais eficientes e adequados ao uso do etanol, combustível renovável e de baixa pegada de carbono amplamente disponível no Brasil. O projeto está alinhado à Lei do Combustível do Futuro (Lei nº 14.993/2024), que incentiva a produção e o uso de combustíveis de baixo carbono, o que promove a missão energética.
Com a tecnologia empregada no projeto, os pesquisadores esperam adaptar para veículos de passeio uma solução usada exclusivamente em carros de alta performance – como os de Fórmula 1 – chamada de ignição distribuída com pré-câmara, que melhora a queima do combustível dentro do motor. Ao combinar essa tecnologia com o uso de etanol, o projeto busca aumentar a eficiência através de uma estratégia de aumento de taxa de compressão aplicado a biocombustíveis.
“O projeto visa democratizar as tecnologias limpas – hoje presentes apenas em veículos de alto custo –, o que possibilita que carros populares movidos a etanol possam alcançar níveis superiores de eficiência energética e menor emissão de gases de efeito estufa”, explica Everton Coelho, pesquisador líder no SENAI-SP.
Coelho explica que um dos objetivos do projeto é impulsionar o protagonismo do Brasil como líder global em mobilidade sustentável por meio da implementação de tecnologias avançadas no desenvolvimento de motores a etanol. “Além de fortalecer a mobilidade de baixa emissão de carbono, o projeto fortalece a cadeia de produção e distribuição de etanol, além de expandir a tecnologia de motores para mercados internacionais”, explica.
Os dois projetos aprovados convergem para um mesmo propósito: acelerar a transição rumo a uma mobilidade mais verde, eficiente e sustentável no Brasil. Juntos, esses esforços integram materiais avançados, biocombustíveis e soluções tecnológicas de ponta para reposicionar o setor automotivo brasileiro na fronteira da descarbonização global, fortalecendo a competitividade industrial e consolidando o Brasil como referência internacional em mobilidade sustentável.
Composição da Aliança Industrial: Volkswagen, Stellantis, General Motors, Hyundai, CNH, Tupy, MWM, Horse, Mahle, Schaeffler, AVL; além das startups Dirac e Liconic.